O fortalecimento do assoalho pélvico é frequentemente associado à ideia de que todos os problemas nessa região são causados por fraqueza muscular. No entanto, estudos científicos recentes e a prática clínica têm demonstrado que essa abordagem nem sempre é adequada. Segundo a fisioterapeuta pélvica e sexóloga Manu Andrade , muitos pacientes apresentam músculos pélvicos tensos ou descoordenados, e não necessariamente fracos, tornando essencial uma avaliação minuciosa antes de iniciar qualquer tratamento.
“De cada 10 pacientes que chegam ao consultório, 9 não possuem um assoalho pélvico fraco, mas sim tenso ou com outras disfunções, como incoordenação ou desprogramação muscular”, explica a especialista. Por isso, a primeira etapa de um tratamento eficaz não é o fortalecimento, mas sim a liberação miofascial, técnica que reduz a tensão e melhora a elasticidade dos tecidos. Após essa etapa, é realizada uma avaliação detalhada para identificar o estado funcional dos músculos pélvicos e determinar o tratamento adequado.
Manuela enfatiza que fortalecer músculos encurtados ou tensos sem antes tratá-los pode ser ineficaz e até prejudicial. “Pacientes que permanecem por anos em fisioterapia pélvica, realizando 20, 30 ou até 60 sessões sem progresso, são um reflexo de tratamentos mal direcionados. Precisamos ir além do tradicional e oferecer soluções assertivas para cada caso”, afirma.
Os músculos do assoalho pélvico podem apresentar diferentes condições, como tensão, incoordenação, desprogramação ou, em alguns casos, fraqueza. Identificar e tratar a condição correta é essencial para garantir resultados eficazes e duradouros. “Nem tudo é sobre fortalecimento. É necessário olhar para cada paciente de forma única e aplicar técnicas específicas para suas necessidades”, finaliza Manu Andrade .
Com essa abordagem individualizada e inovadora, a fisioterapia pélvica se mostra cada vez mais essencial na promoção de saúde e qualidade de vida.
Além disso, Manu Andrade reforça a importância de educar os pacientes sobre o funcionamento do assoalho pélvico e como fatores externos, como estresse, postura e hábitos diários, podem impactar essa região. “A conscientização corporal é parte crucial do tratamento. Muitos pacientes não sabem identificar ou controlar os músculos pélvicos, e o autoconhecimento é o primeiro passo para a reabilitação”, explica. Técnicas complementares, como exercícios respiratórios, ajustes posturais e reeducação funcional, podem ser incorporadas para potencializar os resultados. Ao abordar o assoalho pélvico de forma integrada, Manu busca não apenas tratar disfunções, mas também prevenir problemas futuros, promovendo maior bem-estar e equilíbrio corporal.